Período é propício para termos aglomerações e ambientes fechados, o que possibilita uma maior transmissibilidade
A taxa de testes positivos para Covid-19 aumentou no Brasil nas últimas semanas, tanto no relatório da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que representa laboratórios e clínicas privadas, quanto no do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), que analisa dados dos laboratórios Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), Hilab, HLAGyn e Sabin. Alta é associada à Éris, uma subvariante da Ômicron monitorada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse crescimento ligou o sinal de alerta das autoridades da saúde e tem causado preocupação tanto para os moradores da cidade, como da comunidade universitária.
Apesar de mais transmissível, a Éris não está associada a casos mais graves ou mortes; para a OMS, ela é uma “variante de interesse”, grau inferior ao das “variantes de preocupação”. Porque variante de interesse, explica o coordenador de Virologia do Departamento de Análises Clínicas e Biomedicina (DAB,) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Dennis Armando Bertolini, “pode vir a qualquer momento e se transformar numa variante de preocupação. Então, como ela está se modificando com muita rapidez, todas as variantes e subvariantes da Ômicron são classificadas atualmente como variantes de interesse”.
Estamos no período de inverno, e segundo Bertolini, “período propício para termos uma maior quantidade de aglomerações, ambientes fechados, o que possibilita também uma maior transmissibilidade para todas as doenças respiratórias, não só para a covid-19, mas se esta estiver presente nesse ambiente, será facilmente transmitida justamente porque ela já tem essa característica”.
Outro ponto identificado pelo professor foi o fato da baixa procura da população em relação às vacinas. Para ele “é natural o fato, pois não se tem mais aquela preocupação com a doença como na pandemia, mas as pessoas estão esquecendo da importância e junto disso vem as fake-news construídas em cima principalmente da eficiência ou não das vacinas contra a covid-19, mas de fato o número de pessoas se vacinando tem caído muito, a vacina é a principal arma que nós temos hoje no combate à pandemia, então precisamos resgatar esse cuidado no intuito de que as pessoas se conscientizem que atualmente, é a única forma que temos de prevenção para não pegarmos a doença e, se pegarmos, teremos os sintomas bem brandos, não necessitando de internação e nem de outras medidas de saúde mais drásticas. Então, a vacina precisa ser resgatada desde a criança até o adulto”.
Para o coordenador da UEM, a situação de Maringá, é semelhante ao que ocorre no Brasil e no resto do mundo, mas é claro que guardando as devidas proporções, por conta do desenvolvimento de cada país. “O nosso hospital universitário é um dos termômetros para a região porque ele atende os 29 municípios, principalmente da 15ª Regional de Saúde, nós tivemos no mês de agosto 13 internações, dois casos eram de covid-19, e a maioria das internações, nove delas, crianças, justamente por outros vírus respiratórios. Durante todo o mês de agosto tivemos 58 atendimentos ambulatoriais, apenas três eram SARS-CoV-2, a maioria provavelmente a “influenza”. Então isso tem que ser muito bem monitorado, daí o porquê necessário, ao ter sintomas, procurar o atendimento médico com o diagnóstico para sabermos certinho o que está acontecendo na nossa comunidade para tomarmos as devidas medidas de forma rápida”.
Bertolini conclui “mesmo que nós estamos com um número baixo de Covid-19 em qualquer uma das localidades do país, as medidas de etiqueta são muito importantes, ou seja, o uso da máscara nunca pode ser desprezado, ele é contínuo. Se uma pessoa estiver com algum sintoma respiratório ou for entrar em contato com alguém que esteja com sintoma ou frequentar ambientes aglomerados, fechados, com pouca ventilação, o uso da máscara ainda é uma medida altamente eficaz no controle da transmissão pelo Covid-19”.
Fonte: Francisco Dias Neto/ASC/UEM.
Fotos: Divulgação/UEM.