Especial por Elvio Rocha
Prefeito Ulisses Maia, de Maringá, conversou na terça-feira (4), com uma bancada de seis entrevistadores do programa jornalístico PanNews, da Jovem Pan local, sob o comando do apresentador Paulo Caetano.
Durante 30 minutos, aproximadamente, Maia expôs a agenda que pretende implementar ao longo do ano, com destaque para a implantação de uma ampla área de lazer equipada com prainha artificial, anunciada horas antes pelo próprio prefeito à população. Entre os temas abordados, Hospital da Criança, atendimento à saúde, vacinação de crianças, superávit nas contas da prefeitura, disponibilidade de recursos para investimentos em 2022 e otimismo num futuro demarcado em 12 meses.
Declaração mais expressiva do prefeito ao ser entrevistado: “Nossa gestão, em quatro anos do primeiro mandato e no primeiro ano do segundo, nunca foi alvo de ações de improbidade administrativa, teve todas as contas aprovadas e solucionou todas as graves pendências que caíram em nosso colo, herdadas das sucessivas administrações que nos antecederam, inclusive os precatórios oriundos da trimestralidade”.
Parque Aquático na agenda de obras
Provavelmente o assunto mais comentado durante o programa e nas redes sociais desde o momento em que Maia anunciou sua disposição de levar adiante a obra, o Parque Aquático ou “prainha”, como já foi informalmente batizado, está previsto para deixar a prancheta até final do ano. Até lá, estarão em curso estudos de viabilidade ambiental e financeira, definição da área, que poderá ser do município ou mesmo adquirida ao setor privado.
A praia artificial funcionaria como elemento central do complexo de lazer, que o prefeito entende como “fator de qualidade de vida”. Ele acrescenta que a política administrativa trabalha com o princípio de que o sentimento de inclusão, de pertencimento à cidade deve ser necessariamente incentivado nas pessoas. A noção de pertencer, de ser protagonista da qualidade que o núcleo urbano pode disponibilizar, justifica a transformação de rotatórias em áreas propícias ao lazer, e o mesmo ocorre com a implantação de dezenas de campinhos de futebol que beneficiam todas as regiões da cidade, da mesma forma que piscinas aquecidas nos Centros Esportivos. O objetivo preferencial é propiciar diversão à população que não dispõe de recursos para empreender viagens ao litoral paranaense e catarinense, ou ao Rio Paraná, destinos turísticos tradicionalmente muito procurados pelo maringaense de renda mais elevada.
O plano previamente informado contempla ampla estrutura de lazer, com vários equipamentos, serviço de restaurante, lanchonete, amplos sanitários e paisagismo. Enfim, um espaço funcional em todos os aspectos. O que já está antecipadamente assegurado é o acesso gratuito ao complexo, sem dúvida um atrativo adicional e importante para os frequentadores.
Maia justifica que não há antagonismo entre uma obra de lazer e qualquer outra que valorize e entregue qualidade de vida à população. São investimentos necessários, que de alguma forma repercutem no bem-estar das pessoas, contemplam valores e demandas que necessitam ser traduzidos em ações, “E poder público deve responder com sensibilidade a essas questões”, ajuíza o prefeito.
Hospital da Criança na arrancada final
Com prazo de entrega e entrada em atividade estabelecido para o último trimestre deste ano, o Hospital da Criança, obra financiada pelo Mistério da Saúde (R$ 90 milhões), Governo do Paraná (R$ 80 milhões) e aporte de US$ 10 milhões atribuído a uma organização não governamental, colocará Maringá como nova referência interestadual no setor.
O contrato firmado fixa em 60% o atendimento proporcionado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 40% para o setor privado. Além da microrregião de Maringá o alcance do atendimento beneficiará a macrorregião de Londrina, estendendo-se à parte Sul do Mato Grosso do Sul.
Segundo o prefeito, o andamento do processo requer cuidados especiais. “A envergadura da obra é suficiente para que todo o seu trâmite possa ser acompanhado rigorosamente pelos entes públicos envolvidos”, pondera. A prefeitura está fiscalizando o espaço físico do Hospital, avaliando a adequação de todas as dependências, assegurando-se de que obra e projeto estejam em consonância com o estipulado e com os recursos empenhados.
Em fevereiro, imunização infantil contra Covid
Agendado para o mês fevereiro o início da vacinação contra Covid em crianças na faixa etária de 5 a 11 anos. “Temos a informação de que o Ministério da Saúde receberá e distribuirá as doses necessárias ainda na segunda quinzena de janeiro, o que nos permitirá atender e imunizar o público infantil alguns dias depois”, anunciou Maia. Ele observou que já se manifestara favorável a imunização das crianças, com a retaguarda da ciência, nos primeiros momentos do debate. “Mantivemos o padrão de embasar nossas opiniões em manifestações de cientistas, organizações e entidades que evocam a saúde com seriedade profissional”, explicou.
O prefeito, contudo, tranquilizou parte da população que permanece reticente com a eficácia da vacina para adultos e transfere essa preocupação também em relação à imunização das crianças. “Caberá aos pais a decisão de vacinar ou não, não vamos interferir neste direito”, acentuou. Além disso, a prefeitura dispensará a obrigatoriedade de apresentação de prescrição (recomendação) médica para vacinar a criança.
Após festas, prefeitura reforça atendimento em saúde
O aumento considerável de pacientes com o H3N2, subtipo do vírus Influenza, popularmente identificado como vírus da gripe, já está presente em praticamente todos os estados brasileiros. Em Maringá, também avançou para além do limite de segurança, e reivindica suporte ampliado para atender a demanda. Não tão grave quanto o Covid, quando combinados os dois vírus têm a capacidade de potencializar riscos, daí a precaução extra recomendada.
A transmissão, já em escala comunitária, cresceu com o término das festas natalinas e do Ano Novo, que superlotaram praias, clubes, festas particulares. “Normal que as pessoas com condições para tanto busquem locais para comemorações, mas nesta terça-feira, 4 de janeiro, os principais jornais e noticiários, em todo o Brasil, abriram manchetes expondo as mesmas dificuldades verificadas em nossa cidade”, comparou Maia.
Em alerta diante de números preocupantes, a prefeitura deu folego ao sistema e mobilizou a UPA Zona Norte para se perfilar junto com a UPA Zona Sul no suporte aos pacientes que as procuram. Testes para o Covid estão sendo feitos em ambas unidades para identificar se não se trata de contaminação pelo vírus da gripe, visto que os sintomas, nos dois casos, são semelhantes. Necessário frisar que a presença simultânea dos dois vírus no mesmo paciente gera apreensão redobrada, por motivos óbvios.
Economia e finanças superam desafios
Em tempos de pandemia, ajustes obrigatórios e inadiáveis no planejamento, adequação dos recursos e metas, Maringá superou expectativas concluiu Maia. “Estamos encerrando a contabilidade de 2021 com aumento de 30% nas reservas em comparação com o obtido em 2020”. Convertido em valores, o superávit alcançado chega a R$ 100 milhões disponíveis para investimentos.
Mesmo em cenário de contenção de gastos, que motivou cidadãos e gestores públicos a um exercício desgastante de administrar receitas e despesas, o Tesouro Municipal manteve arrecadação aceitável do IPTU ano passado, e a prefeitura não se distanciou de honrar compromissos propostos na campanha eleitoral vitoriosa do prefeito para um segundo mandato. O desempenho na arrecadação é creditado a não aplicação de aumento real no IPTU durante os quatro anos do primeiro mandato. “E repetimos a mesma conduta em 2021, optando apenas pelo repasse da inflação, dando certa folga para o contribuinte”, disse Maia.
Para reafirmar o bom momento econômico outros indicadores exponenciais da economia mantida sem grandes solavancos mereceram referencias do prefeito no programa PanNews. A performance positiva do município na geração de empregos, que posiciona atualmente Maringá em segundo lugar no Paraná, com mais 1.000 vagas adicionadas ao sistema no início deste ano, por exemplo. E o sucesso visível de alguns setores na recuperação econômica, enquanto outros, mais suscetíveis à crise, tenderão a auferir melhores resultados, gradativamente, prevê Maia.
Expectativas para 2022 e soluções saneadoras
Temas corriqueiros no noticiário local, frente aos quais sucessivas administrações se omitiram ou não apresentaram soluções definitivas, o Parque do Ingá, a absorção dos serviços de água e esgoto da Sanepar pela administração municipal e o polêmico pagamento da trimestralidade aos servidores públicos da prefeitura encontram-se em estágios diferenciado quanto ao andamento das negociações.
Sobre o Parque do Ingá, Maia deposita a esperança de uma possível solução numa instituição que tem credibilidade para apresentar um estudo completo e minucioso dos problemas que ocasionaram a transformação do lago, no centro do parque, numa paisagem sem vida, adormecida, com degradação de todo o ambiente. A escolha do parceiro para realizar estudos e apontar ações capazes de regenerar a área recaiu sobre o UEM, sigla que detém admiração, respeito e confiança da comunidade cientifica, gestores públicos, população, e principalmente, dos ambientalistas.
O laudo extraído dos estudos a cargo da universidade será o guia para que a prefeitura elabore o planejamento das ações indicadas e possa, então, adotar com mais segurança as providências possíveis.
Com a Sanepar, o município tem amparo legal, de longa data, concedido pelo STF, para assumir os serviços. O entrave reside nos custos milionários que a estatal e o município teriam que absorver para sacramentar o acordo. “As cifras envolvidas são extraordinariamente altas, de um lado e de outro, mas negociações persistirão até que se chegue a bom termo”, garantiu o prefeito.
No item trimestralidade, o prefeito relatou que a solução com os servidores públicos de carreira que recorreram à justiça décadas atrás foi exitosa. No entanto, os precatórios que a atual administração se viu forçada a assumir e contemplam número bem inferior de pessoas, tratando-se de não mais que 100 ocupantes de cargos comissionados à época, beira o montante de R$ 100 milhões.
O máximo que o governo Maia conseguiu, com seguidas tratativas, na perspectiva de preservar o erário público ao negociar o pagamento, foi o parcelamento da dívida em 10 vezes, ainda assim uma sobrecarga para as finanças do município. O prefeito, contudo, considera que o fim do imbróglio já é um ganho para o município, que se desfaz de obrigações antes rejeitadas por antecessores.
Especial por Elvio Rocha – Fotos: Divulgação.