Agronegócio brasileiro, um modelo sustentável

 

(*) por Michel Felippe Soares

O desmatamento da Amazônia tem sido assunto da imprensa internacional e gerou até repreensões de líderes mundiais. Inclusive com o temor que o agronegócio brasileiro pudesse ser prejudicado com a aplicação de sanções internacionais por causa das queimadas e gerou o corte de investimentos internacionais no país.

Ainda que o desmatamento seja preocupante e sejam necessárias medidas urgentes para diminuir essa tragédia, segundo a Embrapa Territorial, os indicadores apontam que o Brasil tem uma condição diferenciada de proteção ambiental. Aqui, de acordo com o órgão, 30,2% do território é de floresta protegida por lei, enquanto que em outros países, o índice é bem menor: China, 17%, Estados Unidos, 13%, e na vizinha Argentina, 6,9%. No Brasil, 7,8% do território é utilizado para cultivo, enquanto a média mundial é de 46%.

Mesmo com as grandes áreas de preservação ambiental, o Brasil é o segundo maior produtor de soja no mundo, com perspectivas de assumir a liderança nesta safra. É também o segundo maior exportador mundial de milho e o maior produtor de açúcar do mundo. Isso reforça a eficiência do nosso agronegócio.

A emissão de gás carbônico, o CO2, é igualmente alarmante. Segundo o Global Carbon Project, a emissão em 2018 bateu recorde, mesmo havendo a esperança de que fossem mantidos os avanços na emissão de gases de efeito estufa dos últimos anos. Em 2018 a emissão aumentou 2,7%, o que significam 37,1 bilhões de toneladas no total.

O Acordo de Paris, que tem mais de 195 países signatários, inclusive o Brasil, propõe que os países adotem medidas para manter o aumento da temperatura média global a menos de 2°C acima dos níveis pré-revolução industrial e promovam esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima desses níveis, ou seja, da primeira metade do século 19. Para isso, é preciso reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

No caso do Brasil, que é sétimo maior emissor mundial desses gases, o governo se comprometeu, até 2025, e emitir 37% menos em relação aos níveis de 2005. A meta de 2020 o Brasil já cumpriu, enquanto outros países como Estados Unidos e China não atingiram e, inclusive, aumentaram a produção de gás carbônico. O governo brasileiro também quer aumentar a participação de biocombustíveis em 18% até 2030, ano em que 45% da matriz energética deverá ser composta por energias renováveis.

A pauta da preservação ambiental é tão urgente que o Acordo de Paris não foi assinado por pouquíssimos países, Síria e Nicarágua entre eles. E todo cidadão pode fazer sua parte, reduzindo a emissão de lixo, investindo em tecnologias sustentáveis, como captação de água da chuva, reciclagem e lâmpadas de LED. Não apenas em casa, mas no trabalho e nas empresas.

No caso dos agricultores, eles estão fazendo a lição de casa. Segundo a Embrapa, 29% dos 4,6 milhões de propriedades rurais brasileiras são destinadas à preservação ambiental. É como se um terço da casa de cada um de nós fosse destinada à preservação, sem remuneração. É o agronegócio brasileiro dando exemplo.

(*) Michel Felippe Soares é presidente da Associação Comercial e Empresarial de Maringá – Acim.

 Foto:Ivan Amorim/Pólen Imagens.