Soluções são essenciais para reduzir impactos do coronavírus, criar resiliência nas empresas e dar apoio à população no “novo normal”
Cidades inteligentes repensam inovações tecnológicas e análise de dados no pós-Covid
O impacto da Covid-19 na economia global está em constante atualização, a cada nova fase da pandemia. Desde o início de 2020, o mundo presenciou indústrias, empresas e profissões entrarem em colapso e rotinas, que até então eram habituais, passaram a ser questionadas. E o fim da pandemia é percebido de maneira diferente em cada canto do planeta, tendo para isso, pilares como a tecnologia e a ciência. Lições que muitos já aprenderam. Entre as empresas, por exemplo, 45,7% já começaram a implementar estratégias de transformação digital, como mostra uma pesquisa realizada pela Samba Digital e divulgada no primeiro semestre deste ano.
Em um ano e meio, muitos profissionais aprenderam a trabalhar de casa e a consumir de uma maneira diferente. Em 2021, o mundo chegou aos 4,66 bilhões de pessoas conectadas à rede, ou seja, mais da metade do globo – número do relatório do We Are Social e Hootsuite. No Brasil, a quantidade de pessoas conectadas aumentou em 2020, passando de 74% da população em 2019 para 81% em 2020, o que representa 152 milhões de usuários acima de 10 anos – dados da pesquisa TIC Domicílios, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação. Isso explica a importância maior que a tecnologia passou a ter durante a pandemia. Mais do que isso, está no digital a saída para entender e driblar a crise gerada pela Covid-19.
Profissional essencial no novo momento
Agora é a vez de saber selecionar e fazer bom uso de tecnologias. A tendência é que o digital se mantenha como necessidade fundamental no pós-pandemia, segundo análise do diretor técnico do Instituto das Cidades Inteligentes (ICI), Fernando Matesco. “Os profissionais de Tecnologia da Informação desempenham um papel de alta relevância nesse momento. Eles são fundamentais para preparar respostas e soluções para que as empresas possam mitigar impactos, criar resiliência nos negócios e preparar-se para a retomada”, explica.
O setor de tecnologia é um dos que mais cresce no Brasil e no mundo. Segundo dados do Banco Mundial, até 2024 devem ser criadas 420 mil novas vagas na área de Tecnologia da Informação. Enquanto a economia como um todo ficou estagnada, com retração de 0,1% no segundo trimestre de 2020, a atividade de informação e comunicação, que abriga o setor de TI, cresceu 5,6% no Produto Interno Bruto (PIB), no primeiro trimestre. Ao mesmo tempo em que o Brasil registrava 14,8 milhões de desempregados, a área de tecnologia viu um aumento de 178% no número de vagas abertas. Os dados são do relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O profissional de TI está na contramão do cenário da crise. No pós-pandemia, a TI será uma peça-chave para que empresas de todos os portes alcancem seus objetivos e utilizem todos os seus recursos. Cabe a esse profissional criar condições para intersecções entre bits, dados, infraestrutura urbana física, internet das coisas, sensores, máquinas inteligentes, computação em nuvem, processamento de grandes volumes de dados e aplicativos em dispositivos móveis. “O trabalho de TI viabiliza e cria condições para melhorar o ambiente em que vivemos”, comenta Matesco.
Soluções inteligentes no pós-pandemia
A pandemia permitiu também que a vida urbana fosse repensada. Cidades inteligentes começam a repensar como um conjunto de inovações tecnológicas e análise de dados podem aumentar a qualidade de vida da população. Condição que se mostrou ainda mais valorizada nesse momento, justificando o movimento de migração de pessoas das metrópoles para o interior. Apenas na cidade de São Paulo, 63% dos moradores dizem que gostariam de se mudar do grande centro, segundo pesquisa do Ibope.
Considerada uma das cidades mais inteligentes do mundo, segundo o Intelligent Community Forum, Curitiba usou também durante a pandemia estratégias que uniram tecnologia à saúde pública, como, por exemplo, a iniciativa Check-In Seguro e o aplicativo Saúde Já, ambos desenvolvidos pelo ICI. “Esse aplicativo vinha auxiliando na gestão da saúde como um todo. Porém, em meio à pandemia da Covid-19, essa ferramenta se tornou um canal essencial para a divulgação de comunicados oficiais, recomendações para a sociedade, medidas de proteção, acompanhamento de casos e, além de tudo isso, facilitou a organização da vacinação”, explica Matesco.
O avanço da vacinação permite esboçar planos para uma vida pós-Covid. Nessa retomada, existem soluções de Internet das Coisas e automação já utilizadas no Brasil e que podem ser úteis no novo momento. De acordo com a Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC), muitas tecnologias criadas na pandemia vieram para ficar, como o túnel de desinfecção e a câmera com infravermelho para detecção de alta temperatura individual.
“Inteligência artificial, segurança de dados, streaming de eventos e agricultura urbana são só alguns exemplos de como as cidades podem, rapidamente, se apropriar de tecnologias existentes para promover melhorias na qualidade de vida de seus cidadãos. E os momentos de crise são essenciais para exercitar essa habilidade de inovação”, conclui o diretor.
Sobre o ICI
O ICI – Instituto das Cidades Inteligentes é uma organização criada em 1998, com atuação em todo o território nacional, referência em pesquisa, integração, desenvolvimento e implementação de soluções completas de TIC para a gestão pública. Mais informações: www.ici.curitiba.org.br.
Fonte: Rebeca Trevizani/Central Press – Fotos: Pixels e Freepik.