Indústrias do vestuário miram nas oportunidades do marketplace

Modelo de negócio que funciona como um shopping virtual registrou crescimento de 52% nas vendas em 2020

Mais visibilidade para os produtos e uma infraestrutura robusta que garante aos parceiros segurança nas operações, variedade em meios de pagamento, estratégia de negociação, divulgação e uma ampla clientela ávida por consumo. Estas são algumas das vantagens que estão atraindo cada vez mais clientes ao marketplace. Esse modelo de negócios funciona como um shopping virtual, que reúne diversos produtos num único ambiente.

Na indústria, esse canal de vendas aparece como uma forte tendência para driblar os impactos causados pela pandemia desde o ano passado. De acordo com dados da Ebit/Nielsen – maior plataforma de opinião do Brasil, o comércio online cresceu acentuadamente desde março do ano passado. Em 2020, o aumento em relação ao ano anterior foi de 41%. No mesmo período, o marketplace teve alta de 52% e movimentou R$ 72 bilhões.

A compra de produtos no meio virtual já vinha em trajetória de crescimento nos últimos anos Brasil, mas a crise sanitária e a mudança rápida no comportamento dos consumidores aceleraram essa tendência “A pandemia apressou um processo de transformação digital no Brasil que levaria de três a quatro anos para acontecer”, avalia o pesquisador do Observatório do Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Sistema Fiep), Ramiro Fernandes Pissetti.

Ainda de acordo com a pesquisa, dois em cada 10 brasileiros que compraram online em 2020 fizeram isso pela primeira vez. “A mudança de hábito não é passageira, veio para ficar. E as empresas que não estiverem no meio digital para ‘fisgar’ estes consumidores vão ficar para trás”, avisa. O pesquisador observa ainda que os meios de pagamento no também evoluíram no mesmo período. “Antes, quem não tinha um cartão disponível não podia comprar online. Mas hoje é possível pagar qualquer despesa pelo celular, sem necessidade de um cartão físico”, destaca.

Outra vantagem é a segurança. Os ataques cibernéticos evoluíram no mesmo ritmo que as vendas aumentaram. “No pacote dos grandes players que operam no Brasil já estão previstos sistemas de segurança antifraude”, explica.  “Ao se associar a um marketplace, todas as questões administrativas, logísticas, financeiras e eventuais prejuízos são assumidos pelo contratado. Assim, a imagem e a reputação da marca não ficam tão expostas como num e-commerce próprio”, completa.

A divulgação eficiente é outro atrativo. As grandes redes costumam estar no topo dos mecanismos de busca na internet, dando muita visibilidade aos produtos dos clientes e isso se aplica também ao produto que sai das indústrias direto ao público consumidor. “Não é o momento de apostar tudo numa única modalidade de vendas. É um processo de transição. As indústrias precisam se adaptar ao novo momento e diversificar seus canais de vendas, mantendo os meios tradicionais e se adaptando ao processo de transformação digital”, recomenda.

Vantagens para os pequenos negócios

 Para Bianca Becker, consultora de marketing digital do Sebrae/PR, o marketplace favorece a entrada dos pequenos negócios no meio digital. Ela justifica que para o micro e pequeno empresário manter um e-commerce próprio seria muito oneroso e poderia se tornar uma grande dor de cabeça. “O único trabalho que o empresário tem é enviar o produto no prazo. O restante é responsabilidade da rede contratada. É uma mão na roda para quem começar a vender na internet”, garante.

Além da praticidade, ela conta que as redes de markeplace já têm uma estratégia de vendas pronta. “A desvantagem é o lojista não poder customizar seu produto para se sobressair diante de tantas opções”, avalia. Mas, ela alerta que antes de aderir a um novo canal, é preciso tomar alguns cuidados.

Primeiro é preciso que o empreendedor revise seu planejamento e avalie se esta é a melhor estratégia para o momento de sua empresa. Se está preparado para despender recursos e tempo nesta nova empreitada. Ela também recomenda pesquisar a reputação da plataforma escolhida e todos os termos inclusos no contrato de adesão, para confirmar se atendem às expectativas de momento da empresa.

Outro ponto é checar a viabilidade financeira e o retorno do investimento. Bianca explica que a maioria dos grandes operadores no Brasil cobra uma comissão em cima das vendas, que gira em torno de 10% a 15%. “Analisar se a margem de receita esperada compensa a contratação é fundamental, embora toda mudança tenha um período de adaptação, que no início é mais penoso, mas que depois deslancha e pode ser muito promissor”, avisa.

Promissora tem sido a aposta da industrial de Apucarana, Elizabete Ardigo, que recentemente adotou o marketplace. A ideia inicial era ampliar a venda de máscaras descartáveis, item que até então só produzia para órgãos públicos de saúde. Porém, os investimentos em maquinário e capacitação de pessoal, que aumentaram sua produção de 200 mil para 500 mil máscaras por dia, deram margem para decidir expandir os negócios.

“Começamos há seis meses, ainda estamos aprendendo. Mas, já tivemos um incremento de 15% no nosso faturamento e esse resultado nos motivou a rever nossa estratégia”, informa. Além das máscaras, cuja produção começou com a pandemia, ela comanda a B2 Brindes, que fabrica materiais promocionais como bonés, bolsas e camisetas. “A intenção é aproveitar nossa experiência e o investimento em tecnologia e adequar nosso portfólio de produtos para o varejo”, antecipa. “O retorno que tivemos foi positivo. O custo diluído e o investimento baixo ajudam quem quer começar. É preciso diversificar os canais para vender mais”, aconselha.

Fonte: Patrícia Gomes/AgênciaFiep – Foto: Gelson Bampi/Fiep