Nina Silva, executiva de TI, abordou a presença de negros e mulheres no mercado
Para a executiva de Tecnologia da Informação, a revolução 4.0 é muito mais humana do que tecnológica
“A tecnologia tem que ser para todas as pessoas”. Este foi o tema da palestra da executiva de Tecnologia da Informação e considerada uma das afrodescendentes mais influentes do mundo, Nina Silva, promovida nesta segunda-feira (23), durante a Feira do Empreendedor 2020 Digital (FEDigital 2020).
Nina é formada em Administração e especializada em Tecnologia, área em que atua há 20 anos. É sócia e fundadora do Movimento Black Money – hub de inovação para inserção e autonomia da comunidade negra na era digital, considerada uma das mulheres mais poderosas do Brasil pela revista Forbes, empresária, mentora de negócios, escritora e palestrante.
Nascida em 1982 numa comunidade de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, Nina se considera uma exceção à regra por ser mulher, negra e bem-sucedida. Ela iniciou a carreira de tecnologia como consultora júnior e durante 19 anos trabalhou para empresas nacionais e multinacionais. No currículo, acumula certificações internacionais e experiência em liderança.
“Durante todo esse tempo, não tive a oportunidade de ver outras mulheres em cargos de liderança ou mesmo pessoas negras na composição dos meus times”, lamenta.
Nina precisou provar repetidamente a competência para a função sempre que confrontada com a aparência. “Todas as vezes que eu chegava a uma reunião, o cliente tinha dúvidas se a minha figura correspondia mesmo ao currículo enviado”, lamenta.
Para Nina, a era digital oferece muitas possibilidades e pode representar a chance de mais pessoas, especialmente, as que pertencem a grupos “minorizados” – como mulheres e pessoas negras -, percorrerem o caminho para o sucesso pessoal e profissional. A empresária diz que a pandemia “descortinou” desigualdades sociais no Brasil e no mundo, problemas como desemprego, acesso à saúde e à educação formal e especializada.
Ela citou, como exemplo, que a maioria das pessoas desempregadas no país hoje é formada por mulheres, pois elas não atuavam em cargos estratégicos ou indústrias da área de tecnologia. Ainda dentro dessa estatística, antes da crise, 67% dos desempregados no Brasil eram representados pela população negra.
“Não vemos mulheres ou negros nas áreas de engenharia de software, tecnologia de dados, programação, áreas que mais possuem vagas no mercado. Não temos incentivos para que mulheres e pessoas negras ou de outros grupos ganhem formação para preencher essas oportunidades”, argumenta. Segundo ela, apenas 6% das lideranças em TI são formadas por mulheres.
Tecnologia e diversidade
Por isso, Nina enfatiza a importância de usar os avanços tecnológicos para trabalhar a equidade de oportunidades e equilibrar essa balança. A executiva destaca que empresas que promoveram mudanças relacionadas à transformação digital avançaram mais na pandemia. Só que, mais do que usar a tecnologia como aliada, ela defende a importância da construção de ambientes de trabalho com mais diversidade racial e de gênero.
Para a empresária, a revolução da indústria 4.0 é muito mais humana do que tecnológica. Pesquisas já comprovam que empresas com maior diversidade de gênero têm rendimento 25% melhor e são mais lucrativas do que aquelas com pouca diversidade. E quando se fala em diversidade étnica/racial, o número sobe para 35%.
Nina justifica que 80% do consumo e poder decisão de compra de uma casa estão nas mãos das mulheres. “Como excluí-las da validação dos produtos? Essas mulheres precisam estar presentes na cadeia produtiva, desde a ideação até o lançamento do produto”, afirma. A diversidade também resulta na melhor performance e otimização de processos.
Embora não seja fácil mudar o status quo, na avaliação de Nina, as pessoas precisam de auto-organização e criação de redes que impactem e promovam mudanças para gerar modelos de negócios, principalmente na era digital. A tecnologia representa a possibilidade de oferecer instrumentos para que pessoas diversas estejam no poder de suas vidas e das empresas.
FEDigital 2020
Além das palestras, a Feira do Empreendedor 2020 conta com mais de 70 atrações, incluindo exposição de virtual de empresas, bate-papos e oficinas. As inscrições podem ser feitas pelo site. A programação é 100% gratuita e ocorrerá até 26 de novembro, em ambiente online.
Fonte: Jornalistas Fernanda Bertola e Adriano Oltramari
www.pr.agenciasebrae.com.br – Foto: Divulgação.