Produção industrial do Paraná registra forte crescimento em março

Resultado é consequência da queda acentuada da atividade no início da pandemia

A produção industrial do Paraná, em março, teve alta de 12,3% na comparação com o mesmo mês de 2020. No Brasil, a elevação da atividade chegou a 10,5% no mesmo período. Santa Catarina registrou o melhor resultado do país, com alta de 36,5%. E, Rio Grande do Sul, 21%. Já na avaliação contra fevereiro deste ano, a indústria do estado registra queda de 1%. Em Santa Catarina e Rio Grande do Sul também houve retração, de 1% e 7,3%, respectivamente. Todos seguiram a tendência nacional. No Brasil, a produção encolheu 2,4% em relação ao mês passado. Os dados foram divulgados na terça-feira (11/5), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Em março do ano passado a indústria sentiu os primeiros efeitos do início da pandemia, com interrupção total de várias atividades. Neste ano, o mesmo mês teve um dia útil a mais do que no ano passado, o que também interfere no resultado”, explica o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Evânio Felippe.

No acumulado do ano, os resultados apontam para um maior vigor da atividade industrial no estado. O crescimento neste primeiro trimestre de 2021 é de 9% em relação ao obtido nos três primeiros meses do ano passado. Naquela época, a alta em relação ao primeiro trimestre de 2019 era de 2,6%. Paraná e São Paulo, empatados, têm o quarto melhor desempenho no Brasil, de janeiro a março. Santa Catarina lidera o ranking com 17,8% de crescimento, seguida por Rio Grande do Sul (12,3%) e Minas Gerais (9,1%). O resultado nacional acumulado este ano é de 4,4% no mesmo período.  Nos últimos 12 meses, a indústria do Paraná registra queda de 1% quando avaliada sua trajetória de produção.

Setores

Em março, das 13 atividades industriais acompanhadas pelo IBGE no Paraná, apenas a fabricação de papel e celulose teve desempenho ruim, queda de 6,2%. Os destaques foram o setor de madeira, alta de 58,9%, seguido por móveis (38,3%), produtos minerais não-metálicos (35,5%), fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (31,5%), e produtos químicos, alta de 28,5%.

Neste primeiro trimestre do ano, quem tem contribuído com o crescimento da indústria no estado é o setor da madeira, que acumula alta de 32,7%. Seguido por fabricação de produtos de metal (31,7%), máquinas e equipamentos (28,6%), minerais não-metálicos (25,8%), moveleiro e fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (ambos com 19,7%), borracha e material plástico (17,8%) e produtos químicos (16%). Entre os principais segmentos industriais do Paraná, alimentos acumula queda de 4%, seguido por papel e celulose (-1,9%). Já o automotivo, teve elevação de 4,4% no ano.

De acordo com o economista, na Sondagem Industrial de março da CNI, pesquisa realizada junto aos industriais do estado, 85% dos entrevistados apontaram que a maior dificuldade enfrentada no mês foi a escassez e o alto custo de matéria-prima para produção. Para 46%, a alta carga tributária foi problema E, para 38%, a variação na taxa de câmbio impactou nos negócios. “Estes são problemas que vêm se arrastando nos últimos meses e impedindo a retomada com maior vigor da atividade industrial. Uma carga tributária mais igualitária entre os setores da economia e uma estabilidade na taxa de câmbio reduziriam a pressão sobre os custos de produção e tornariam a indústria mais competitiva”, aponta o economista.

A reclamação é antiga, mas justa. O empresário brasileiro conhece bem o peso da carga tributária. De acordo com dados do IBGE, os tributos no Brasil equivalem a 32% do Produto Interno Bruto (PIB). A indústria de transformação é a que mais paga impostos. Os gastos equivalem a aproximadamente 46% do Produto Interno Bruto (PIB). No setor de serviços a taxa cai para 19%, na construção civil, 12%, e no agronegócio, 1,7%.

Em relação ao câmbio, comparando o primeiro quadrimestre de 2021 com o do ano anterior, o aumento na taxa foi de 17,4%. “Essa alta interfere na planilha de custos do empresário, já que muitos insumos são cotados em dólar. Comodities como milho, soja e trigo, usados na fabricação de produtos para o mercado interno ou como ração animal, encarecem o custo de produção, tornando a atividade menos competitiva. “Nem sempre o custo incorporado no processo produtivo pode ser repassado integralmente ao consumidor final. No Brasil, o ajuste de demanda é muito sensível à variação dos preços. Quando percebe aumento num produto o brasileiro logo substitui por outro mais barato”, justifica Felippe.

Para o economista, além destes três elementos, as ações governamentais serão fundamentais para determinar como serão os próximos meses. “É preciso acelerar o ritmo de imunização da população para reduzir a pressão sobre a situação fiscal do país”, declara. O déficit no orçamento, despesas maiores do que receitas, aumentou por conta dos gastos extras com recursos destinados a programas de auxílio emergencial para pessoas físicas e empresas na pandemia. “A exemplo de outros países que estão bem mais avançados, quanto mais rápida for a vacinação, antes será também a retomada da normalidade na economia, na geração de novos empregos, no aumento da massa salarial e no crescimento do consumo”, finaliza.

Fonte: Patrícia Gomes/AgênciaFiep – Foto: Gelson Bampi/Fiep