Paraná avança em sustentabilidade ambiental

Indústrias precisam seguir processos limpos e ambientalmente adequados para cumprir desafios da Agenda 2030

Aumentar eficiência de processos produtivos, combater desperdício de matéria prima, preservar recursos e diminuir o impacto ambiental. As indústrias, cada vez mais, precisam se atentar para construção de uma cadeia produtiva com responsabilidade ambiental. O Paraná, segundo o Ranking de Competitividade dos Estados publicado pelo Centro de Liderança Pública, é líder nacional em sustentabilidade ambiental, estando na 1ª colocação no quesito e em 4º colocado na classificação geral.

Em um relatório sobre sustentabilidade, o Centro de Liderança Pública analisa os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela ONU na Agenda 2030.  No índice, o estado aparece em 3º lugar geral, ficando com as primeiras posições em consumo e produção responsáveis, garantindo padrões de consumo e de produção sustentáveis, e vida na água, fazendo a conservação e o uso sustentável dos ecossistemas marinho e costeiro. No quesito cidades e comunidades sustentáveis, que se refere a tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis, o Paraná aparece em 2º lugar.

Com relação ao ODS sobre segmento industrial, com foco em construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação, o estado ficou em 3º lugar, após São Paulo e Santa Catarina. Segundo o ranking, o Paraná implementa ações alinhadas ao cumprimento da meta que trata de, até 2030, modernizar a infraestrutura e reabilitar as indústrias para torná-las sustentáveis, com eficiência aumentada no uso de recursos e maior adoção de tecnologias e processos industriais limpos e ambientalmente adequados. O estado também é destaque no percentual de municípios com backhaul de fibra óptica e no custo de combustíveis, obtendo o menor custo do Brasil. Por isso, conquistou a 3ª colocação.

Institutos Senai de Tecnologia

Desde que foram criados, os Institutos Senai de Tecnologia (IST) de Celulose e Papel, Meio Ambiente e Química e Instituto Senai de Inovação (ISI) em Engenharia de Estruturas estimulam a sustentabilidade ambiental pelo olhar das indústrias paranaenses, junto ao HUB de Inteligência Artificial do Senai no Paraná. Os espaços, localizados em Telêmaco Borba, Curitiba, Maringá e Londrina, respectivamente, realizam desde ensaios laboratoriais, relatórios técnicos, pesquisa aplicada, análises de produtos, identificação de materiais e assim por diante.

Os Institutos, com toda infraestrutura e experiência dos pesquisadores, mestres e doutores que ali atuam, ofertam soluções para as indústrias paranaenses alavancarem suas produções, com consciência ambiental e estando de acordo com as normas. Os ISTs possuem laboratórios para ensaios em produtos e processos com escopos acreditados junto ao INMETRO, consultores especializados em processo produtivo e pesquisadores em inovação. Assim, ofertam soluções para indústrias dos mais diferenciados segmentos e abrangências. Já o HUB de Inteligência Artificial do Senai no Paraná, que completa dois anos em outubro, tem expertise para acelerar a adoção das novas tecnologias nas indústrias brasileiras, unir startups que queiram provar o conceito das ideias e empresas que desejam identificar soluções prontas para adoção, além de formar capital humano apto a desenvolver e aplicar a IA na indústria.

Para solucionar o problema de acúmulo de palha no campo, o IST em Celulose e Papel criou painéis que podem ser utilizados na construção civil para substituir peças fabricadas com madeira de reflorestamento. Desde que a queima da palha de cana-de-açúcar foi proibida por lei, em 2002, foi necessário encontrar um novo destino para o resíduo. Pensando nisso, a equipe do Instituto Senai de Tecnologia em Celulose e Papel se uniu à Empresa Brasileira de Pellets (EBP) para resolver a questão. Ao final da pesquisa, em 2019, o grupo não apenas encontrou uma solução para o problema como desenvolveu um novo produto sustentável para colocar no mercado. Segundo Adriane de Fátima Queji de Paula, coordenadora do IST Celulose e Papel, além de garantir preços mais acessíveis e utilização de resíduos causadores de danos ambientais, o produto ainda pode ser usado para outros fins, como embalagens e revestimento acústico.

Roberto Felipe Gomes, engenheiro químico da EBP, esclarece que a grande vantagem do produto é o fator ambiental, já que a produção não requer a destinação de nenhuma nova área agrícola. Ao longo da pesquisa, a partir dos volumes gerados de palha pela colheita mecanizada da cana, a empresa passou a procurar aplicações que agregassem valor econômico e ambiental para o resíduo, sendo a fabricação dos painéis de partículas aglomeradas o projeto escolhido. “Em qualquer que seja a aplicação, construção civil ou outro, teremos como importante diferencial um produto com impacto florestal zero em relação aos painéis disponíveis atualmente”, esclarece Gomes.

Outra aplicação de inovação no segmento ambiental é o uso de Inteligência Artificial (IA) e Visão Computacional na cooperativa paranaense Cocamar. Com a implementação, a instituição pôde acelerar e padronizar a classificação de grãos de soja. Neste caso, o HUB de Inteligência Artificial do Senai no Paraná desenvolveu um aparato que captura imagens de amostras de grãos de soja, extraindo informações e treinando um algoritmo para monitorar o nível de acidez e a concentração de clorofila.

O processo de classificação dos grãos é crucial na negociação da produção agrícola. É o que conta Guilherme Bulla Zago, especialista de projetos da Cocamar. “É por meio dessa classificação que os grãos são avaliados para compor o preço de compra que a Cocamar oferecerá ao produtor. Com a transformação desse processo, que hoje é parcialmente manual, para a classificação por imagens utilizando a Inteligência Artificial como ‘cérebro’ da operação, o objetivo é ganhar agilidade. Em momentos de safra, a quantidade de caminhões que passam pelo processo em um espaço pequeno de tempo é muito grande e, neste momento, qualquer minuto perdido pelo produtor tem grande impacto. Por isso, nós, enquanto cooperativa, precisamos ajudar o produtor nesta etapa”, explica o especialista.

Para Muriel Mazzetto, consultor do programa de Residência em Inteligência Artificial do HUB de IA do Senai, a Inteligência Artificial permite entender melhor como o plantio evolui em toda a sua cadeia, desde a modificação dos grãos, produção, colheita, armazenamento, e cadeia do alimento. “Ao compreender melhor o processo e ter um histórico como base, é possível prever o comportamento e corrigir com antecedência, o que fará o agronegócio melhorar ainda mais sua produção e qualidade de produto”, analisa.

Os ODS e o Sistema Fiep

Os ODS são parte de uma agenda proposta pelas Nações Unidas e pactuada por 193 países, inclusive o Brasil. O compromisso é de alcançar metas arrojadas em cinco áreas essenciais para o desenvolvimento sustentável: pessoas, planeta, prosperidade, paz e parcerias. Isso, até 2030. Desde 2003, com o propósito de impulsionar o desenvolvimento sustentável das indústrias paranaenses, o Sistema Fiep promove ações, projetos e programas que incentivam o engajamento do setor e da sociedade nas temáticas sociais, ambientais e econômicas.

São eventos, capacitações e prêmios, como o Congresso Sesi ODS, o Selo Sesi ODS, o Prêmio Sesi Peça por Peça, Prêmio Sesi Indústria Parceira da Escola e o Prêmio Sesi Indústria Parceira da Educação, que fazem parte da estratégia de mobilização. Há ainda as ações do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), que envolvem cerca de 290 organizações, e o trabalho realizado em parceria com o Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (UNITAR) para a promoção de capacitações e cooperações técnicas pelo CIFAL Curitiba.

O Sistema Fiep também atua para levar informação a toda sociedade sobre as metas e indicadores dos ODS por meio do Portal ODS: uma plataforma com os indicadores de todos os municípios brasileiros e que oferecem informações que podem orientar todos os setores da sociedade no planejamento e execução de projetos sociais, econômicos e ambientais. Recentemente, em parceria com o Pacto Global, lançou o HUB ODS Paraná, que visa aumentar o impacto regional nos ODS no estado por meio da troca de ideias, de tecnologia e de conhecimento entre empresas e organizações.

Fonte: Mayara Duarte/AgenciaFiep – Fotos: Adobe Stock.